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    TURISMO: Caminho de Braga a Santiago

    Jacobeus inundado com perguntas sobre o caminho de Braga a Santiago

    O Caminho da Geira Romana e dos Arrieiros, que liga Braga a Santiago de Compostela, tem suscitado perguntas de “dezenas” de pessoas por dia junto da Associação Espaço Jacobeus (AEJ), revelou o presidente da associação, António Devesa, durante um debate realizado em Ribadavia, Espanha.

    A curiosidade é tanta que nunca imaginei. Recebo dezenas de telefonemas por dia”, enfatizou António Devesa durante a mesa redonda que encerrou o curso “Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro: Caminho Histórico de Peregrinação”, promovido na sexta-feira e sábado pela Universidad Nacional de Educación a Distancia.

    O responsável da AEJ, que tem 15 delegações e 530 sócios, frisou que há “muita procura depois da apresentação em Braga”, a 1 de abril deste ano, do traçado do Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro (ou da Geira Romana e Arrieiros), que as associações Jacobeia do Caminho Minhoto Ribeiro e Codeseda Viva pretendem oficializar até 2021.

    Desde maio deste ano, pelo menos 60 peregrinos fizeram o percurso, a pé e em bicicleta (esta semana um grupo de 10 vai fazê-lo a cavalo), seguindo o traçado proposto pelas duas associações.

    Para o Confrade-Mor de Santiago, Manuel Rocha, “este caminho tem um potencial enorme”, até porque outros já “estão lotados e luta-se por um lugar num albergue”.

    Não duvido o mínimo que será aceite pelas entidades competentes” até ao Jacobeu (Ano Santo) de 2021, adiantou Manuel Rocha, conhecido como um dos principais mentores do Caminho Português pela Costa, destacando que, no início, também “ninguém acreditava” neste itinerário, hoje considerado um dos mais importantes.

    O professor de história da arte, Francisco Gardón, que deu uma conferência sobre “Las pegadas xacobeas en el arte ourensano: cara Compostela por Lobios y O Ribeiro”, considerou que os caminhos Central Português, Francês e Via da Prata “são já autênticas auto-estradas”, destacando ainda a existência de “filas às 07h30 por causa da Compostela”, junto ao serviço de peregrinos em Santiago.

    Quanto à Geira Romana e Arrieiros, referiu “que é um caminho de finisterra, de limite de Portugal e da Galiza, que quase permite viver a essência do caminho, com monumentos muito importantes em pequenas aldeias”. À semelhança de outros intervenientes no curso, Francisco Gardón disse que “o caminho fazem-no os peregrinos”. “O peregrino é que cria as necessidades, é que vai desafiar os autarcas e outras entidades a intervir”, acentuou Manuel Rocha.

    O professor de Geografia da Universidade do Minho e vereador da Câmara de Braga, Miguel Bandeira, que deu a conferência “Os caminhos, os territórios e a paisagem”, adiantou que “os caminhos estão para além dos municípios, dos lugares, das nações, mas há interesses legítimos de municípios e outras entidades”.

    Também precisamos de atividade económica, de turismo. Que adianta ter um caminho muito interessante se não tiver gente?”, questionou Miguel Bandeira, revelando que as autarquias de Braga e Amares têm um projeto conjunto para construir uma ponte pedonal e ciclovia, no Cávado, “onde todos os peregrinos possam passar”.

    Para o presidente da Associação Jacobeia Caminho Minhoto Ribeiro, Abdón Fernández, este é um “itinerário de mercadoria, de comércio; de ligações sócio-culturais e também de saúde, devido há existência das termas”. Para Abdón Fernández, que estuda o traçado desde 2009, “os caminhos são um património como os monumentos”.

    As duas dezenas participantes, portugueses e espanhóis, visitaram Beade, Berán, Lebosende e Pazos de Arenteiro, para puderem ver diferentes aspetos do caminho, que é uma das vias mais antigas que liga o norte de Portugal a Santiago de Compostela, e da arte sacra, com destaque para as igrejas e a iconografia sobre Santiago e São Roque.