Um acordo leva os IMOCA 60 para a próxima edição da regata
Uma parceria foi estabelecida com a Associação Internacional de Classe Aberta Monocasco (IMOCA), que garante a exclusividade para utilizar os IMOCA 60 para regatas de barcos tripulados ao redor do mundo.
Na passada semana, durante o final da Volvo Ocean Race, em Haia, realizou-se uma reunião de trabalho na qual participaram as partes interessadas na actualização das regras da classe IMOCA.

Velejadores que participaram nos mais recentes eventos da Volvo Ocean Race, e da classe IMOCA, juntamente com os arquitectos navais envolvidos na construção de novos barcos da classe IMOCA, como Guillaume Verdier e Juan Kouyoumdjian, vieram a Haia para discutir as alterações.
“Este é um primeiro passo, de muitos, na preparação para a próxima edição da regata em 2021”, disse Johan Salen, co-presidente da prova. “Há um processo de cooperação em andamento, para colocar em prática os elementos de que precisamos para tornar a próxima edição da prova um sucesso do ponto de vista desportivo e comercial.
“Esta é uma questão complexa com muitas perspectivas, e estamos respeitosamente a receber sugestões de todos os principais interessados, desde a World Sailing até velejadores, equipas e parceiros individuais. Estamos confiantes, de que este é o caminho certo a seguir ”.
“Evoluir a prova para monocascos com foils da classe IMOCA vai motivar mais velejadores, equipas e toda a indústria naval a preparar-se para a próxima edição. A parceria com a organização IMOCA existente, significa que o calendário profissional de vela offshore se torna mais unificado e eficiente, isso ajuda o desporto como um todo e também a construir um modelo de negócios sustentável para equipas e velejadores. ”

“Este acordo proporciona aos proprietários e velejadores dos IMOCA, acesso à maior regata offshore tripulada no mundo, que também é uma grande plataforma de comunicação”, disse Antoine Mermod, Presidente da classe IMOCA.
“À medida que trabalhamos em conjunto para trazer as regatas offshore mais importantes do mundo – em solitário ou com tripulação – para as embarcações da classe IMOCA, permitirá aumentar a classe internacionalmente e oferecer mais valor aos nossos acionistas.”
A alteração para incluir os IMOCA garantirá que a prova continue na vanguarda do design e tecnologia, desafiando os melhores velejadores do mundo num ambiente com tripulantes e offshore.
Um comité conjunto está a ser formado para redigir uma seção específica das Regras de Classe para IMOCA 60 com Tripulação , respeitando o espírito e a intenção da parceria, que inclui controle de custos, segurança e justiça desportiva.
A regra relativa ao número de tripulantes a bordo da classe IMOCA na próxima edição está entre os itens considerados, com o objetivo de manter a posição de Repórter a Bordo.
A atual Volvo Ocean Race terminou no último fim de semana, com as regatas mais disputadas em 45 anos de história do evento. Três equipas iniciaram a ultima etapa com a oportunidade de vencer a prova. A menos de 10 milhas do final, numa prova com 11 mil milhas, o resultado final ainda estava em dúvida, até que a equipa de Charles Caudrelier, o Dongfeng Race Team, finalmente passou para a frente de seus adversários e garantiu uma emocionante vitória em Haia.
“Esta alteração é muito interessante”, disse Caudrelier depois de receber um briefing sobre as alterações. “Os Open 60 são barcos incríveis. Eu gosto muito de navegar nesses barcos e acho que quando as pessoas os virem também vão gostar. Se as duas melhores regatas offshore do mundo se juntarem na mesma classe, só podem ser boas notícias. ”
“Acho que, como velejador, isto é muito interessante”, disse Bouwe Bekking, um veterano com oito participações na Volvo Ocean e na Whitbread Round the World. “Para a geração mais jovem de velejadores, tudo é sobre foils, surfar e ir rápido e temos que garantir os melhores velejadores envolvidos na prova. Com o Open 60, eles acertaram, porque é isso que os velejadores querem. ”
“É claro que há alguns obstáculos para ultrapassar”, disse Torben Grael, campeão olímpico e skipper vencedor da Volvo Ocean Race, além de vice-presidente da World Sailing. “Mas se conseguirmos unir os dois mundos, será positivo, pois abre a prova para muitos novos velejadores e cria um muito maior calendário de eventos para as equipas que competem nos Open 60s.”
A parceria significa que os principais arquitectos de vela offshore estarão envolvidos na próxima edição da prova, com o objetivo de produzir o mais rápido monocasco offshore com tripulação completa, para dar a volta ao mundo, de sempre.
“A vela oceânica é um desporto que não é apenas sobre a tripulação, mas também sobre o equipamento, então combinar os dois elementos é o que nos permite dizer que estamos no topo das regatas offshore”, disse Juan Kouyoumdjian, que desenhou três dos passados barcos vencedores da Volvo Ocean Race.
“Eu acho que é um passo muito positivo. O futuro permitirá que os velejadores e desenhadores evoluam para o próximo nível, o que inevitavelmente chegará às outras classes. ”
“Estamos a tentar fazer um barco para o futuro, que seja capaz de fazer regatas de curta distância e com tripulações completas”, disse Guillaume Verdier, um dos principais desenhadores da classe IMOCA, também envolvido na America’s Cup. “A minha opinião, é que é possível encontrar um compromisso de ambos os lados, e encontrarem-se no meio.”
A parceria com a classe IMOCA também garante que os barcos tenham capacidade de produção de media de ponta, como foi o caso da recente edição da Volvo Ocean Race.
Aceder ao vivo aos barcos, enquanto eles competem em alguns dos oceanos mais remotos do mundo, bem como imagens de drones e conteúdos produzidos pelos repórteres a bordo, proporcionaram uma cobertura mediática inovadora que garantiu um numero recorde de fãs.
Esta continua q ser uma prioridade importante para a próxima edição.
Assim como, a diversidade da tripulação. A Volvo Ocean Race 2017-18 contou com 23 tripulantes femininos e 30 com menos de 30 anos. Ambos são recordes para a prova. Esta é uma tendência a ser encorajada para o futuro.
“O processo está apenas a começar”, disse Nick Bice, que lidera o projeto para desenvolver a regra dos Open 60 para a próxima edição. “Temos quatro dos atuais designers da classe IMOCA connosco, para nos ajudar a entender os problemas que enfrentaremos.”
“Vamos levar as sugestões de todos para o comissão conjunta e começaremos a desenvolver as regras que serão utilizadas nos Open 60 para participar na próxima edição da prova. O nosso objetivo é estar pronto no final do ano. ”
O futuro da classe de barcos VO65, usados nas duas últimas edições da corrida, será revelado nas próximas semanas.